Lost – O economista (3° Episódio)
Dissimulação
O fato de não podermos afirmar pouquíssimas coisas sobre Lost, é intrigante e instigante ao mesmo tempo. A capacidade de manipulação e necessidade de aceitarmos que as pessoas usam as outras sim (nunca desconfie da capacidade de dissimulação de alguém), também assusta. São inúmeras as cenas em Lost onde somos surpreendidos pela dissimulação dos personagens. Não é necessário falarmos de Ben, o mestre da dissimulação, mas vários outros personagens usaram e abusaram da dissimulação:
– Sayd até o último instante fingiu não lembrar da mulher que torturou.
– O que me dizem do verdadeiro Saywer?
– E do falso?
– Juliet
– Sun (esta é dissimulação pura, e o pior, seu próprio marido não sabe nada dela)
– O marido da coreana também não fica para trás
– John Locke é outro doutor nesta arte, seu último grande golpe foi usar James para assassinar seu pai
– Kate vive uma mentira
– O policial que iludiu John Locke
– Sayd quando se fez passar por terrorista
– Nesse último episódio Hugo se fez de prisioneiro…
– Etc, etc, etc…
Acho importante chamar atenção para este ponto ao falar deste episódio porque acredito que o relacionamento entre Ben e Locke está de alguma maneira escondendo algo. Mesmo que “sem querer” eles estão do mesmo lado, e podem estar armando algo desde o início. Se o sr. Linus não tivesse falado tudo aquilo sobre a paraquedista, apostaria que quando ele falou de seu espião, era ele prevendo que “colocaria” um espião no navio (Sayd?)… Ben se entregou no início da série, arriscando a própria vida para conseguir seus objetivos… usou Locke para “destruir” o submarino e impedir Jack e Juliet de sairem da ilha…
Informação
Na minha opinião este é um dos dois ingredientes do poder. A ilha não é tão diferente do restante do mundo, tendo uma pequena sociedade constituída lá, apresenta todas as dúvidas inerentes dos seres humanos. A única diferença que vejo é que eles tem muito mais tempo para se intrigarem com os segredos e perguntas que aquele “habitat” apresenta, do que nós do lado de cá. Sendo assim, e sabendo o valor que a informação tem, e cada vez mais isto deve estar presente nas nossas mentes, o conhecimento vale ouro na ilha. Tanto para os que querem sair, quanto para os que querem ficar.
Mas Lost vai além, ao indicar que: “Ter informação não é nada, se você não sabe: 1) quando falar; 2) para quem falar; 3) como falar; e o mais importante, 4) o quanto revelar”.
Persuasão
Este é o outro ingrediente da receita do poder. A influência, a arte do convencimento e do argumento:
– Você não precisa fazer, precisa convencer alguém a fazer por você.
– Não precisa estar certo, apenas convencer a audiência que o outro está errado.
– Não precisa ter qualidades, basta mostrar ou criar defeitos nos outros.
Com o ambiente totalmente hostil e clima de insegurança que reinam na ilha de Lost, alguém com convicções e personalidade consegue fácil aliados e seguidores. Assim foi com John Locke, Mr. Ecko, Ana Lucia, Jack e Ben. Aqui fora já é fácil explorar a fé das pessoas e enriquecer, mesmo com todas as opções que temos, imaginem na ilha onde as alternativas são poucas ou restritas a John ou Jack?
Ouvi falar na “fórmula Jacobiana” mas a minha fórmula para Lost é essa: Dissimulação, Informação e Persuasão. Isto é Lost.
Cada um na ilha tem objetivos bem definidos e os protejem com muita determinação. Ninguém ali é amigo, pois se conheceram em um vôo e criaram laços não por afinidade e sim pela situação. É por isso que Michael não pensou duas vezes em matar Ana Lúcia, e a frágil Juliet se transformou na mulher determinada de hoje. É como no “Big Brother”, embora todos passem o ar de amizade, todos querem o prêmio para si.
Então deixo esta pergunta aos leitores: “Qual é o prêmio de Lost”?